a poesia criou meu mundo

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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Aconteceu no metrô de São Paulo


"Aquilo que a memória amou fica eterno"
Adélia Prado

Uma sombra enorme se forma ao seu redor enquanto uma massa de fumaça a abraça.
Ela se encolhe na esperança de passar despercebida.
Seu coração se aperta como apertado ficou ao jogar fora teu retrato 3x4, teu quadro pintado à mão a óleo sem amor nem dedicação.
Seus olhos se enchem de lágrimas enquanto aguarda a maca: "já está quase insuportável!"

E é quando aparece o homem correndo, ferindo o silêncio do túnel comprido e afastando a lágrima que dança na pálpebra.

Ela se lembra que já tinha esquecido deste amor. E ele passa.

(a cicatriz não)


Imagem: Jacek Yerka
Texto: Maya

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Presentes da Minha Querida Marida Estrela Juju.





Sessão Alice Ruiz




Santíssima Trindade

O Pai é o corpo.
O Filho é a mente.
O Espírito é santo
se cuida bem
do pai e do filho.
Amém.


Sem receita

Primeiro, lenta e precisamente,
arranca-se a pele
esse limite da matéria.
Mas a das asas melhor deixar
pois se agarra à carne
como se ainda fossem voar.

As coxas, soltas e firmes,
devem ser abertas
e abertas vão estar
e o peito nu
com sua carne branca
nem deve lembrar
a proximidade do coração.
Esse não.
Quem pode saber
como se tempera um coração?

Limpa-se as vísceras,
reserva-se os miúdos
para acompanhar.
Escolhe-se as ervas,
espalha-se o sal,
acende-se o fogo,
marca-se o tempo
e, por fim, de recheio,
a inocente maçã,
que tão doce, úmida e eleita
nos tirou do paraíso
e nos fez assim:

sem receita


Sessão Martha Medeiros


"E amigo é isso: aquele que a presença conforta sem precisar de muito gesto ou dramatização."

"Em tempos em que quase ninguém se olha nos olhos, em que a maioria das pessoas pouco se interessa pelo que não lhe diz respeito, só mesmo agradecendo àqueles que percebem nossas descrenças, indecisões, suspeitas, tudo o que nos paralisa, e gastam um pouco da sua energia conosco, insistindo."


segunda-feira, 26 de abril de 2010



"Gosto de pessoas doces, gosto de situações claras; e por tudo isso, ando cada vez mais só..." 
(Caio Fernando Abreu)


 Neste momento de perder amigos e reencontrar outros....

terça-feira, 6 de abril de 2010

"Não implica em decisões, apenas em paciência"


"Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada “impulso vital”. Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como “estou contente outra vez”. Ou simplesmente “continuo”, porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como “sempre” ou “nunca”. Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como “não resistirei” por outras mais mansas, como “sei que vai passar”. Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência"

Do sempre Caio F.

Imagem de Jacek Yerka

sexta-feira, 17 de julho de 2009



País de Gales depois da primavera

Vi um mar suspirando à tardinha
era um mar suspirando
à tardinha um mar

nada chorava e
todo violão adormecia só de cansaço

vi um mar à tardinha
suspirava como se suspirasse
à tardinha inarejando

se remexia o ar recém-ventado
re-inventado pelos suspiros do mar

vi à tardinha um mistério sem nenhum enigma
era um mar se espreguiçando por cima da areia


Rhoose 30.08.69

Ana Cristina Cesar

quinta-feira, 16 de julho de 2009





"Dá-me a tua mão:
Vou agora te contar
como entrei no inexpressivo
que sempre foi a minha busca cega e secreta.

De como entrei
naquilo que existe entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo,
e que é linha sub-reptícia.

Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncio."

Clarice Lispector

terça-feira, 9 de junho de 2009

3 gerações em consonância

"Ao telefone a poesia
Ouço as palavras dizerem que estamos pensando
Na mesma coisa – Não!

Os três barcos, pontes, táxis e choros
Somem diante da voz mole,
Bonita e comovente como ondas.
Só que sonoras."

A poesia acima é o resultado de 3 mulheres, de 3 gerações, em consonância.
A voz no telefone era minha, a poesia que eu lia era da Ana C., o resultado é dela que me pediu anonimato.

Meu coração fica feliz! E cheio de amor por nós.

Amo-nos!